A VIDA E O PLANETA

É grave o engano de acreditar que apenas o Brasil mudou. O mundo mudou. A vida no planeta é outra com oito bilhões de pessoas e graves riscos de existência, pela lei da natureza (ambiental) ou lei do homem (socioeconômica). As duas decorrentes de um crescimento anárquico, desigual, sob narrativa e hegemonia imperial dos EUA. Não haverá saída pacífica sem mudança na estrutura decisória das nações (ONU). A guerra da Ucrânia retrata essa provocação. O desespero de um modelo econômico em decadência, sob a égide dos EUA, que não aceita o fim da unilateralidade, da sua hegemonia. Um neoliberalismo econômico que não admite a industrialização dos rivais, não admite crescimento da China, gasoduto alemão (independência europeia), reindustrialização brasileira (libertação sul-americana) e provoca golpes e guerras. 

A COMUNICAÇÃO DE LULA

Dentre os inúmeros desafios políticos que o governo democrático-popular de Lula vai precisar se posicionar é o da COMUNICAÇÃO. Pode, deve ou não deve avançar? A burguesia é contra. Nomeia mídia chapa branca. Resta a alternativa de manter o monopólio conservador do mercado financeiro na grande mídia e o domínio reacionário da ultradireita nas redes sociais, ou seja, desinformação e fake news. Moral da história: 2023 será um ano difícil e imprevisível para Lula e seu governo. Muitos inimigos declarados e disfarçados. Dois caminhos: tentar regular ou regulamentar a comunicação na Constituição de 88, com uma PEC ou encontrar uma COMUNICAÇÃO DIRETA para dotar o eleitorado e cidadão de informações que os levem a ter mais consciência sobre o que na verdade está sendo feito na defesa de seus interesses. 

O GOLPE DE TEMER

No Uruguai, Lula, em discurso comparou o Brasil que havia deixado em seu governo, citando dados e números irrefutáveis e o herdado, após um golpe que durou sete anos (três do Michel Temer e quatro de Bolsonaro). Foi o suficiente para a grande mídia e suas vivandeiras, que apoiaram o golpe, voltar a dar explicações jurídicas e técnicas na sua defesa. Não existe argumento “Pedalada” não se sustenta politicamente. E porque essa reação se o PT sempre denunciou 2016 como golpe? Muito simples. Temer responde por Bolsonaro que está deixando um rastro crescente de destruição e crimes que certamente atingirá todos ex-parceiros, aliados e apoiadores da reeleição, mesmo tentando se afastar e negar. A história julgará o que foi a operação lavajatista, seus crimes que não terminaram com Temer, com Moro, mas Bolsonaro. 

CAMPANHA DE ÓDIO

A campanha do ódio espalhada pelo mundo está relacionada à desigualdade social, fome e concentração de renda que o mundo ocupa, com 1% de bilionários e dois terço de miseráveis. Essa a essência do nó que a revolução digital trouxe à soberania popular do voto. As grandes plataformas digitais capturaram bilhões de DADOS e PERFIS de pessoas nas redes sociais, SEM REGULAÇÃO, isso mudou radicalmente a comunicação. Com esses dados empresários reacionários desviam a população das verdadeiras razões da desigualdade, da fome e usam o ódio resultante para fins equivocados como invasão dos três poderes no Brasil, Capitólio nos EUA, Brexit na Inglaterra, eleições na Europa, etc. Moral da história: essa correção só virá pela Educação e a comunicação direta da realidade, mas quem vai botar o guiso no gato? Os 1% difícil. 

DEMOCRACIA

Com oito bilhões de bocas para se alimentar o mundo vai precisar reconceituar DEMOCRACIA. Impossível 1% continuar concentrando e possuindo o equivalente a dois terços da população. Não é mais ser esquerda/direita, homem/mulher, preto/branco, gay/hétero, é VIDA. A ultradireita tem sua conceituação de democracia (patriotas antissistema), direita neoliberal (Deus mercado, sem Estado e direitos) e a centro-esquerda (impedir fome/morte das massas). Acrescente o meio ambiente (natureza) empunhando uma espada sobre a cabeça de todos. Esse o desafio central do século XXI. Lula iniciou sua pregação democrática no Brasil, pretende conversar com os demais líderes mundiais levando-os a uma reflexão. A certeza é que não há saída. Não resolvida as contradições será inevitável uma explosão social e/ou ambiental. 

8, O DIA QUE NÃO TERMINOU

DIA 8 DE JANEIRO DE 2023, sem dúvida, ficará gravado na memória e na história do povo brasileiro. Muitas leituras. Isca que serviria para mais uma intervenção militar, um golpe antidemocrático a um governo popular eleito pelo povo. GLO a armadilha. Baderna EXPLÍCITA, com destruição do patrimônio público dos três poderes. Moral da história: governo Lula não caiu na armadilha bolsonarista e outras forças camufladas, não decretou a GLO, interviu, prendeu responsável pela segurança, afastou governador, uniu o Brasil e o mundo contra uma ameaça a todos. Iniciou INVESTIGAÇÕES que serão reveladoras. Pragmatismo. Não cedeu a pressão da esquerda e direita, não perdeu o foco nas metas que tem pressa e o elegeu: fome, desigualdade, morte. DIA 8 NÃO TERMINA, terá consequências. Muitas batalhas virão. A luta continua. 

CONJUNTURA

No Brasil enquanto as Forças Armadas continuarem com sua estrutura, cultura conceitual de poder superior ao civil, reguladora e moderadora que herdou da República e mesmo da Colônia, não haverá paz, liberdade, democracia, soberania. O uso das FAs para defender interesses exclusivos da burguesia representa um acinte, um espada de Dâmocles sobre a cabeça dos brasileiros. Dia 8 foi a “Gota d’água”. Bolsonaro e bolsonarismo são suas criaturas, usaram, abusaram da destruição, crime, impunidade acobertados por forças repressivas. Moral da história: Lula representa a soberania popular do voto. Foi eleito pela maioria trabalhadora para cuidar do crescimento econômico, combater desigualdade, distribuir renda. Essa é sua pauta e não se submeter a uma pauta ditada por ameaças de autoritarismos e golpes. 

A BARBÁRIE DO DIA 8

Vai levar algum tempo para se processar o que de fato aconteceu em Brasília no dia 8. Merece algumas reflexões. A maioria dos atos terroristas não são EXPLÍCITOS sobre quem os pratica. Culpa a esquerda (comunistas), grupos religiosos (Oriente Médio, África). TODOS financiados por corporações econômicas interessadas na manutenção ou obtenção de lucros. Em Brasília, algo diferente aconteceu. No front não esconderam, nem se preocuparam em esconder o rosto. Por quê? Certeza da impunidade. Contavam com apoio militar (forças armadas, outras corporações), político (parlamentar, governador, justiça), empresarial. Isso não aconteceu? Por quê? A única explicação: faro e habilidade política de Lula na nomeação do ministro da defesa, aplaudido pelos golpistas, mas uma armadilha para eles. Investigação já, SEM ANISTIA. 

REUNIÃO DO DIA 6

Lula sentiu a necessidade de marcar uma primeira reunião de seu governo no dia 6. É preciso entender que a eleição foi vencida, mas essa etapa é mais difícil e complexa, GOVERNAR. Lula governou duas vezes o Brasil, conhece o inimigo, não o subestima. Sabe que vai tentar o tempo todo minar, desmoralizar, encontrar pontos frágeis do governo para destruí-lo. Muitas armadilhas foram montadas pelo governo Bolsonaro, que infelizmente capturou e usou empresários gananciosos por ganho fácil em troca de sua reeleição, usou o Estado e promoveu uma destruição geral na economia. Duas as prioridades de Lula: obter recursos para cobrir o rombo, obter crescimento sustentável, com distribuição de renda e apoio no Congresso para evitar surpresas. Portanto, evitar “marolas” que prejudiquem a estratégia. 

A GANÂNCIA DO MERCADO

Em 2016 o mercado financeiro e seu monopólio midiático interromperam o projeto de crescimento econômico e redistribuição de renda do PT que vinha dando certo. Agora, o mercado faz inúmeras cobranças e exigências esquecendo que a destruição e crise da economia herdada por Lula é de sua total responsabilidade, pois apoiou a eleição e a reeleição de Bolsonaro. Moral da história: quem deu a vitória a Lula foi o pobre. Empresários votaram em Bolsonaro. Lula tem o Poder Executivo, mercado o Congresso. O projeto neoliberal (mercado) está em crise no mundo e não é sustentável. Por que radicalizar? Lula já provou que seu projeto atende a capital e trabalho. A reforma tributária pode sair, mas com IR progressivo. O bilionário precisa pagar imposto de renda e deixar de lado a hipocrisia. Essa é a diferença com 2016.